segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Apresentação

O presente projeto (Integrado CNPq), com início em agosto de 2003, pretende aprofundar o saber científico em torno da relação entre língua materna e língua estrangeira na constituição da subjetividade e da identidade nacional, já que, como se sabe, a língua sempre foi e sempre será a grande responsável pela construção do que se denomina nação. Por essa razão, não há colonização sem a imposição da língua do colonizador, ainda que o processo de colonização seja do tipo econômico, como acontece hoje com a língua inglesa no Brasil (Pennycook, 1994).  
Assim, parece ser consenso que, no mundo globalizado também chamado pós-moderno por certos estudiosos, faz-se cada vez mais necessário conhecer ao menos uma língua estrangeira, além de sua língua dita materna, para poder adentrar no mundo competitivo do mercado profissional. Entretanto, é raro observar qualquer tipo de problematização com relação ao caráter colonizador de uma língua, ou qualquer tipo de reflexão a respeito de sua importância na constituição da subjetividade; afinal, ninguém sai incólume da aprendizagem de uma língua. Ainda que muitos acreditem que ela é apenas “instrumento”, veículo de comunicação, objeto a ser adquirido e a ser consumido como uma mercadoria, aprender uma língua é permitir que o outro nos constitua, é adentrar em outras discursividades, tornando seu o que é alheio e alheio o que é seu. 
Nesse contexto, ganha relevância o estudo das identidades em transformação, inseridas que estão num momento histórico-social caracterizado por constantes mudanças e pela internacionalização que torna o ensino e, como decorrência, a aprendizagem de línguas, um fator indispensável e discriminante: de um lado, os que sabem outra língua que não a sua e, de outro, os que só conhecem uma língua. Esse fator de excludência, reforçado pela mídia e pela pedagogia de línguas, é determinante para a constituição identitária do sujeito.